22 de nov. de 2012

Medidas simples ajudam a aliviar dores comuns na gravidez e evitam o uso de remédios



Para gerar uma vida, o corpo feminino passa por uma grande transformação durante a gestação. As alterações dessa fase interferem em vários sistemas, principalmente nos osteo-músculo-articular, digestório, circulatório e respiratório. "Todas essas modificações têm como objetivo adaptar o organismo para carregar e nutrir o feto", afirma o ginecologista e obstetra Alberto Jorge Guimarães, mestre pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Guimarães afirma que essas mudanças no corpo da mulher fazem parte de toda gestação normal e, apesar do desconforto e das muitas dores que elas podem causar, o uso de qualquer remédio sem prescrição médica é perigoso.
"Os medicamentos devem ser usados apenas com indicação médica e nos casos de dor extrema, nos quais já foram tentadas todas as estratégias não medicamentosas e elas não funcionaram", declara o especialista.
Flávia Fairbanks, ginecologista do Hospital São Luiz, em São Paulo, mestre em ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), afirma  que muitos remédios podem afetar os órgãos do bebê, que estão em formação. "Os anti-inflamatórios, por exemplo, podem comprometer algumas estruturas do coração da criança", diz a especialista.

Os incômodos mais frequentes

Primeiro trimestre
Logo no início da gravidez, é comum que a mulher apresente dor nos seios, que tende a regredir espontaneamente. "O uso de sutiãs adequados, com alças largas e apoio nas costas, minimiza o desconforto", diz a ginecologista e obstetra Bárbara Murayama.

Para a ginecologista e obstetra Denise Gomes, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), alguns sintomas podem ser contornados com uma boa alimentação.

"A gestante tem de se alimentar bem, pensar no que vai ingerir e não comer muito. O ganho de peso deve ser, no máximo, entre dez e 12 quilos durante a gestação inteira", diz a médica. Denise afirma que alimentos ricos em sal podem piorar muito o inchaço, um dos incômodos do primeiro trimestre, e devem ser evitados. Frituras também precisam ser riscadas do cardápio da grávida.
Ingerir porções menores e não ficar mais do que três horas sem comer são outros cuidados que permitem que a mulher drible o enjoo, tão comum no início da gestação, sem ter de apelar para um remédio que iniba os vômitos.
"Em contrapartida, água e líquidos em geral, sem açúcar, devem ser ingeridos com abundância, pois ajudam no funcionamento do intestino, do sistema urinário e ainda auxiliam a reduzir o edema ou inchaço".
De acordo com o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana pelo Instituto Universitário Dexeus, de Barcelona, as dores de cabeça também podem se intensificar ao longo da gravidez. "Os altos níveis hormonais podem piorar quadros de enxaqueca nas pacientes predispostas". E a alimentação balanceada ajuda a evitar esse problema também.
Para buscar alívio para as enxaquecas, Flávia Fairbanks diz que a gestante pode fazer escalda-pés e massagear as têmporas com as pontas dos dedos, em movimentos circulares. "Mas o repouso é a principal recomendação", declara a especialista. 
Segundo trimestre
Nessa fase, de acordo com os especialistas, é comum a mulher sentir a chamada dor no baixo ventre, que acontece em função do crescimento do útero, que passa a pressionar músculos, ligamentos, veias e outros tecidos do corpo.
"A dor no baixo ventre, que lembra a cólica menstrual, causa medo de abortamento, mas geralmente cessa espontaneamente, sem a necessidade de medicação", declara Alberto Guimarães. Para amenizar o problema, a mulher pode tomar banhos quentes ou usar bolsas térmicas no local. Se a dor não melhorar ou houver sangramento, a gestante deve procurar imediatamente o médico com quem faz o pré-natal.
O que também ocorre nesse período da gravidez é o peso do útero modificar o eixo gravitacional da mulher. A gestante passa a curvar mais a coluna –desenvolvendo hiperlordose (aumento da curvatura da região lombar) e hipercifose (aumento da curvatura da região dorsal)– e a alargar a base de sustentação, andando com os pés afastados. Tudo isso leva à utilização de grupos musculares que não são rotineiramente solicitados e pode provocar desconforto na coluna e fadiga. "Alongamento e atividade física regulares ajudam a estabilizar e a fortalecer os grupos musculares mais solicitados", afirma Malaguer.
Terceiro trimestre
Os incômodos articulares causados pelo acúmulo de líquido podem estar mais presentes à medida em que a gravidez progride e o peso da gestante aumenta, sobretudo em mulheres menos ativas fisicamente. "No último trimestre, algumas grávidas se referem às dores nas virilhas", afirma o ginecologista e obstetra Cláudio Basbaum, introdutor do Parto Leboyer (nascimento sem violência) e da Técnica de Shantala (massagem para bebês), no Brasil e obstetra da Maternidade São Luiz, em São Paulo. 
"Nessa fase recomendamos a prática de exercícios físicos sem impacto com fortalecimento, como o alongamento e o relaxamento muscular, massagens e imersões em água aquecida, além de usar calçado de salto baixo e adequado", segundo o médico.
 
Outras medidas gerais são válidas para todas as gestantes. "Adotar a postura ereta ao sentar, usar colchão mais firme, evitar carregar excesso de peso e deitar-se de lado --de preferência com uma almofada entre os joelhos-- são atitudes que facilitam a rotina sem grandes incômodos", segundo Basbaum. O médico sugere que, ao se levantar, a grávida  tome o cuidado de, primeiro, se acomodar em ‘posição fetal’ para elevar-se de lado, para não forçar a coluna.



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